* PLANEJAMENTO E
PLANIFICAÇÃO PARA SUPERAR A CRISE
* O MODELO CHINÊS E O
BRASIL DA DITADURA MILITAR
* O G7 VAI GASTAR MAIS
DINHEIRO PÚBLICO, ADIVINHEM QUEM VAI PAGAR A CONTA
Por Wladmir Coelho
1 – A queda no valor do
petróleo representa um terrível sinal; a produção mundial está em crise. Vamos
aos fatos: o petróleo encontra-se na base da produção apresentando-se como
matéria-prima e elemento essencial para a distribuição da mercadoria depois de
convertido nos múltiplos combustíveis. Sua condição estratégica apresenta-se
ainda na forma de insumos para todos os segmentos produtivos passando pelo setor
têxtil, alimentar, automobilístico, eletrônico.
2 – Desde o início do
século 20 a produção petrolífera apresenta-se concentrada em indústrias das
potências imperialistas notadamente os Estados Unidos e Inglaterra ficando o
primeiro com a maior parte possuindo, desta forma, um imenso poder com relação
a distribuição do petróleo e por consequência controlando o processo de
industrialização mundial.
3 – Em nossos dias China
e Estados Unidos disputam o título de maior consumidor de petróleo mundial o
primeiro concentrando a produção industrial mundial representando um elo
importante entre a produção tecnológica estadunidense e europeia através da
aplicação desta em comunicação, aparelhos eletrônicos, automóveis, medicamentos
dentre outros enquanto os Estados Unidos o maior consumidor encontra-se nas forças
militares internas e aquelas espalhadas mundo afora.
4 – Curiosamente nos dois
casos vamos observar um elemento comum, ou seja, a presença do Estado tenha
este a condição de elemento centralizador do planejamento econômico, no caso
chinês, ou simplesmente o protetor do capital nacional através do consumo de
petróleo, incentivo a pesquisa e produção tecnológica militar ou mesmo
transformando-se no maior empregador individual do mundo notadamente no setor
de defesa. Para entender a condição imperial dos Estados Unidos basta verificar
a associação entre do poder econômico com a força do canhão.
5 –Devemos neste ponto
observar a evidente divisão do planeta entre produtores de tecnologia e aqueles
responsáveis pela aplicação desta ficando do lado de fora – inclusive – a nossa
região do planeta. Fora, mas do processo produtivo em sua totalidade? Lógico
que não.
6 – Para o Brasil, neste
contexto, ficou a condição de fornecedor de matéria-prima notadamente o minério
de ferro surgindo nos últimos anos um novo produto, o petróleo, confirmando a
nossa elite econômica colonizada e preguiçosa a tradição da qual não
conseguimos ainda sair apesar de esforços aqui e ali.
7 – A situação dos
chineses, em princípio, também implica em aceitação do modelo econômico segundo
os interesses imperiais, afinal reúne em seu território a montagem e não a
criação e a pesquisa tecnológica esta sim responsável pela emancipação
nacional. Devemos, todavia, observar com maior atenção a estratégia chinesa
implicando esta não uma submissão aos interesses do capital, mas um
planejamento apontando a superação de etapas incluindo a pesquisa e produção
tecnológica.
8 – Durante a ditadura
militar o Brasil experimentou um processo com alguns pontos semelhantes ao chinês
a ponto de muitos acreditarem no delírio de uma potência imperial a surgir na América
do Sul a realidade, contudo, cobrou o seu preço. A política do imperialismo
auriverde da ditadura amparou-se na dependência do capital externo, notadamente
aquele dos empréstimos, desnacionalizando setores chave como o farmacêutico e
criando facilidades aos tubarões do petróleo através do contrato de risco e
internacionalização da Petrobras.
9 – Em termos práticos a
ditadura militar planejou e planificou uma economia voltada a instalação de
empresas multinacionais e proteção destas contra as iniciativas nacionais aprofundando
a dependência econômica.
10 – Esta diferença entre
o modelo chinês e o brasileiro da ditadura militar será aprofundada a partir
dos anos 1990 quando a proteção ao capital nacional de alguma forma presente na
Constituição de 1988 deixa de existir através das privatizações processo aprofundado
pela insanidade do governo atual.
11 – A crise de 2008 revelou
ao mundo o quanto o Estado ainda encontrava-se vivo e foi o responsável pela sobrevivência,
inclusive, da General Motors e tradicionais estabelecimentos bancários – isso na
sede do império – enquanto a China movimentava todo o sistema produtivo
nacional criando demanda e desta a compra de minério de ferro, petróleo e tecnologia
criando aqui um período de alivio.
12 – Temos atualmente uma
nova crise curiosamente detonada – veja bem detonada e não causada - a partir
de um vírus com poder de matar com epicentro exatamente no centro fabril
mundial implicando na paralisação da produção e por consequência travando o
consumo de tecnologia, matéria-prima e naturalmente prejudicando o consumo
interno.
13 – Em tempos de
lucratividade baixa e lucros fictícios decorrentes da especulação pura e
simples nas bolsas de valores qualquer queda nos valores da produção significa
redução ainda maior dos valores disponíveis para a recompra das ações gerando o
quadro de desespero verificado nos principais centros financeiros. A crise
capitalista vai gerar como resposta a necessidade do sistema destruir o
excesso, ou seja, capitalista contra capitalista sem falar na eliminação do restante
da presença do Estado na educação, saúde e segurança.
14 – Considerando este
quadro os países economicamente periféricos – incluindo o Brasil - perdem ainda
mais considerando a total dependência da exportação extrativista e agrícola
somado a aniquilação do mercado interno através do desemprego ou precarização
deste.
15 – No caso brasileiro
começam a surgir aqui e ali defensores do aumento de gastos do governo como
forma de salvação nacional, contudo precisamos ficar atentos ao tipo de
proposta e separar estas daquelas voltadas a simples transferência dos recursos
nacionais aos beneficiados de sempre.
16 – Ao Brasil não é
possível simplesmente repetir o modelo adotado desde Juscelino Kubitschek
aprofundado durante a ditadura militar é preciso avançar no sentido do
planejamento econômico oferecendo as condições não somente para receber tecnologia,
mas desenvolver um sistema de pesquisas e aplicação destas.
17 – O modelo chinês vai
superando a dependência tecnológica constituindo este aspecto o principal alvo
do imperialismo aponto aqui o exemplo do chamado 5G desenvolvido a partir de
uma empresa privada respeitando esta a planificação estatal, ou seja, temos
neste ponto um entendimento diferenciado do tradicional sistema de propriedade.
18 – O modelo brasileiro
para superar a condição de atraso econômico, naturalmente, não será um cópia dos
chineses, contudo devemos considerar de imediato a necessária intervenção do
Estado no domínio econômico através da reestatização dos setores estratégicos (energia,
mineração, água) associado ao incentivo a pesquisa e revisão do processo
educacional técnico.
19 – Anotem; o discurso dos
países do G7 vai saindo foco no controle fiscal para o aumento do gasto estatal
e neste ponto devemos abrir bem nossos
olhos; não podemos ficar reduzidos a condição de salvadores dos ricos através
da oferta de matéria-prima ou recursos financeiros extraídos do nosso trabalho através
do pagamento dos juros criminosos das dívidas junto aos banqueiros e sacrifício
dos direitos sociais.
20 – O império movimenta-se
no sentido de manter o Brasil em sua condição colonizada, dependente e para
este fim mobiliza o que há de mais retrogrado em termos políticos e joga ainda
algumas fichas nos atrasados perfumados, educados surgindo estes como perigo
ainda maior. Neste momento além da troca de nomes precisamos avançar na
superação da dependência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário