*
GOVERNADOR DE NOVA IORQUE FALA EM GUERRA CIVIL
*
A MILITARIZAÇÃO DA CRISE NOS EUA
*
SAQUES NA ITÁLIA
*
DÓRIA JÚNIOR A VERSÃO SOFT DO BOLSONARISMO
Por
Wladmir Coelho
1 – A crise econômica
detonada – não causada - em função da pandemia do COVID-19 vai assumindo características,
na Europa e Estados Unidos, de descontentamento popular resultado da
indiferença dos governos preocupados em criar os meios de retirar dinheiro do
povo para alimentar os grandes e poderosos grupos econômicos.
2 – Mr. Trump, apoiado
pelo Congresso, destinou alegremente US$ 4 trilhões aos grandes grupos
econômicos para o pagamento das dívidas destes com os bancos negando, ao mesmo
tempo, o envio do equipamento necessário para salvar vidas a exemplo do
ocorrido com o pedido do governo da Louisiana, à União, de 5 mil ventiladores
respiratórios recebendo o Estado em resposta a não autorização da
transferência.
3 – A forma de atuar de
mr. Trump revela a total ausência de um plano de defesa dos interesses da
população apontando a existência de uma crise ainda mais profunda entre os
detentores do poder constituindo a fracassada tentativa de isolamento total dos
estados de Nova Iorque, Nova Jérsei e Connecticut um exemplo dos
desentendimentos entre os ricos.
4 – O recuo de mr. Trump
ocorreu diante da reação violenta do governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo,
apelando este ao discurso da “salvação da economia” ameaçando entender uma
eventual ordem de isolamento do Estado como “discussão a respeito de uma guerra
civil.”
5 – O governador Cuomo
apelou aos fundamentos federalistas ao responder de forma dura mr. Trump
preferindo este recuar, contudo ficou evidente a disposição presidencial de
aplicar em casa os mesmos métodos utilizados internacionalmente pelos
presidentes estadunidenses acostumados a invadir países, derrubar governos em
nome da democracia entendida esta a partir dos interesses do capital.
6 – O governo imperial
está disposto a militarizar a crise e este assunto aparece na imprensa
revelando a revista Newsweek a existência de estudos na Casa Branca para a
decretação de Estado de Emergência aumentando, desta forma, o poder
presidencial através da intervenção do Exército em substituição a guarda
nacional existindo ainda o debate, segundo a mesma revista, a respeito da
suspensão da eleição presidencial deste ano.
7 – Ainda a respeito da
militarização da crise os estados da Califórnia e Rhode Island determinaram
ações da Guarda Nacional contra cidadãos nova-iorquinos ocorrendo no segundo
estado uma visita de militares, de casa em casa, determinando a quarentena e
impondo multa em caso de descumprimento da medida.
8 –Enquanto os ricos
alimentam-se dos recursos do Tesouro os trabalhadores contaminados continuam
amontoados em hospitais sem estrutura com profissionais denunciando a redução
dos equipamentos de proteção e aumento nos casos de adoecimento.
9 – O COVID-19 também
realiza na União Europeia os seus estragos revelando os interesses alemães e
franceses em salvar os bancos abandonando os demais países à própria sorte a
exemplo da Itália mantendo este país a continuidade dos trabalhos de saúde
graças ao apoio dos comunistas chineses e cubanos.
10 – A respeito da
solidariedade do governo de Cuba o departamento de Estado manifestou o seu
descontentamento determinando aos países beneficiados uma suspensão dos acordos
alegando, inclusive, aspectos relacionados ao bloqueio comercial.
11 – O “gérmen do
comunismo” ou qualquer simbolismo representado na solidariedade entre os povos
parecem ameaçar os “sólidos” princípios democráticos confundidos estes com a supremacia
do capital situação evidenciada diante do salve-se quem puder da crise.
12 – Concretamente temos
o seguinte; na Europa os governos continuam agindo em defesa do capital alimentando
com trilhões de euros e libras os cofres dos bancos enquanto o povo recorre ao
saque como forma de superar a fome.
13 – Material distribuído
pela Agence France-Presse (AFP) informa a presença de militares fortemente
armados nas portas dos supermercados na Sicília enquanto o jornal Il Corriere
della Sera explicava o motivo; pessoas sem dinheiro para alimentação passaram a
realizar saques.
14 – O Brasil do sr.
Bolsonaro surge neste cenário em sua clássica condição de subordinação aos
interesses do capital estadunidense buscando os meios para manter o torniquete
das reformas entreguistas e garantir os trilhões de reais aos bancos, contudo a
continuidade desta política revela no apoio da classe média ao governo federal através
das carreatas contra a quarentena a sua contradição.
15 – Estes homens e
mulheres com seus carrões em carreatas de alucinados mostram somente o elevado
grau de endividamento dos médios comerciantes – os grandes também, mas estes
não saem às ruas preferindo outro tipo de pressão – desesperados diante do
aumento do encalhe das mercadorias cujo destino será a venda abaixo dos valores
de compra para tentar salvar alguma coisa principalmente os pagamentos das
parcelas dos empréstimos, dos financiamentos do apartamento com varanda gourmet
e seus automóveis sofisticados tudo contraído junto aos bancos.
16 – O sr. Bolsonaro
segue sua tática de surfar nesta contradição primeiro atribuindo, neste caso
apoiado pela grande imprensa, a culpa da crise ao vírus e deste ponto assume a
narrativa paralela de dias melhores a partir da superação da pandemia a sua
fraqueza, todavia, está em sua ideologia, ou seja, fica impedido de aumentar os
gastos do Estado originando desta limitação a sua prática contrária a suspensão
dos setores não essenciais recebendo, dos desesperados da classe média e
setores da alta burguesia nacional, apoio público contribuindo para o
aprofundamento da crise social.
17 – Em oposição ao
fundamento bolsonarista surge parcela da burguesia liderada pelo sr. Dória
Júnior ao mesmo tempo interessada em manter o torniquete econômico, as reformas,
o entreguismo apresentando, todavia, o sonho de manutenção do atual quadro
político prometendo, inclusive, o controle da ordem evitando uma eventual
revolta da população contra o abandono. Este grupo do sr. Júnior representa uma
caricatura dos democratas estadunidenses e sabemos o quanto será difícil, para
os dois segmentos, manter a ordem diante do aprofundamento da crise econômica residindo
neste fato a explicação da manutenção no poder de um grupo de fanáticos ignorantes
prontos para manter a qualquer custo a sua posição.
18 – O bolsonarismo
encontrou na figura do sr. Dória Júnior a sua versão “soft”, contudo o quadro
econômico revela a necessidade de rompimento urgente com o modelo econômico
entreguista, base do pensamento de ambos, inexistindo nestes tempos de
isolamento outra saída a não ser a substituição do salve-se quem puder por uma prática
econômica planejada e executada segundo os interesses dos trabalhadores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário