segunda-feira, 30 de março de 2020

GOVERNADOR DE NOVA IORQUE FALA EM GUERRA CIVIL

* GOVERNADOR DE NOVA IORQUE FALA EM GUERRA CIVIL

* A MILITARIZAÇÃO DA CRISE NOS EUA

* SAQUES NA ITÁLIA

* DÓRIA JÚNIOR A VERSÃO SOFT DO BOLSONARISMO

Por Wladmir Coelho

1 – A crise econômica detonada – não causada - em função da pandemia do COVID-19 vai assumindo características, na Europa e Estados Unidos, de descontentamento popular resultado da indiferença dos governos preocupados em criar os meios de retirar dinheiro do povo para alimentar os grandes e poderosos grupos econômicos.

2 – Mr. Trump, apoiado pelo Congresso, destinou alegremente US$ 4 trilhões aos grandes grupos econômicos para o pagamento das dívidas destes com os bancos negando, ao mesmo tempo, o envio do equipamento necessário para salvar vidas a exemplo do ocorrido com o pedido do governo da Louisiana, à União, de 5 mil ventiladores respiratórios recebendo o Estado em resposta a não autorização da transferência.

3 – A forma de atuar de mr. Trump revela a total ausência de um plano de defesa dos interesses da população apontando a existência de uma crise ainda mais profunda entre os detentores do poder constituindo a fracassada tentativa de isolamento total dos estados de Nova Iorque, Nova Jérsei e Connecticut um exemplo dos desentendimentos entre os ricos.

4 – O recuo de mr. Trump ocorreu diante da reação violenta do governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, apelando este ao discurso da “salvação da economia” ameaçando entender uma eventual ordem de isolamento do Estado como “discussão a respeito de uma guerra civil.”

5 – O governador Cuomo apelou aos fundamentos federalistas ao responder de forma dura mr. Trump preferindo este recuar, contudo ficou evidente a disposição presidencial de aplicar em casa os mesmos métodos utilizados internacionalmente pelos presidentes estadunidenses acostumados a invadir países, derrubar governos em nome da democracia entendida esta a partir dos interesses do capital.   

6 – O governo imperial está disposto a militarizar a crise e este assunto aparece na imprensa revelando a revista Newsweek a existência de estudos na Casa Branca para a decretação de Estado de Emergência aumentando, desta forma, o poder presidencial através da intervenção do Exército em substituição a guarda nacional existindo ainda o debate, segundo a mesma revista, a respeito da suspensão da eleição presidencial deste ano.

7 – Ainda a respeito da militarização da crise os estados da Califórnia e Rhode Island determinaram ações da Guarda Nacional contra cidadãos nova-iorquinos ocorrendo no segundo estado uma visita de militares, de casa em casa, determinando a quarentena e impondo multa em caso de descumprimento da medida.

8 –Enquanto os ricos alimentam-se dos recursos do Tesouro os trabalhadores contaminados continuam amontoados em hospitais sem estrutura com profissionais denunciando a redução dos equipamentos de proteção e aumento nos casos de adoecimento.

9 – O COVID-19 também realiza na União Europeia os seus estragos revelando os interesses alemães e franceses em salvar os bancos abandonando os demais países à própria sorte a exemplo da Itália mantendo este país a continuidade dos trabalhos de saúde graças ao apoio dos comunistas chineses e cubanos.

10 – A respeito da solidariedade do governo de Cuba o departamento de Estado manifestou o seu descontentamento determinando aos países beneficiados uma suspensão dos acordos alegando, inclusive, aspectos relacionados ao bloqueio comercial.

11 – O “gérmen do comunismo” ou qualquer simbolismo representado na solidariedade entre os povos parecem ameaçar os “sólidos” princípios democráticos confundidos estes com a supremacia do capital situação evidenciada diante do salve-se quem puder da crise.

12 – Concretamente temos o seguinte; na Europa os governos continuam agindo em defesa do capital alimentando com trilhões de euros e libras os cofres dos bancos enquanto o povo recorre ao saque como forma de superar a fome.

13 – Material distribuído pela Agence France-Presse (AFP) informa a presença de militares fortemente armados nas portas dos supermercados na Sicília enquanto o jornal Il Corriere della Sera explicava o motivo; pessoas sem dinheiro para alimentação passaram a realizar saques.

14 – O Brasil do sr. Bolsonaro surge neste cenário em sua clássica condição de subordinação aos interesses do capital estadunidense buscando os meios para manter o torniquete das reformas entreguistas e garantir os trilhões de reais aos bancos, contudo a continuidade desta política revela no apoio da classe média ao governo federal através das carreatas contra a quarentena a sua contradição.

15 – Estes homens e mulheres com seus carrões em carreatas de alucinados mostram somente o elevado grau de endividamento dos médios comerciantes – os grandes também, mas estes não saem às ruas preferindo outro tipo de pressão – desesperados diante do aumento do encalhe das mercadorias cujo destino será a venda abaixo dos valores de compra para tentar salvar alguma coisa principalmente os pagamentos das parcelas dos empréstimos, dos financiamentos do apartamento com varanda gourmet e seus automóveis sofisticados tudo contraído junto aos bancos.

16 – O sr. Bolsonaro segue sua tática de surfar nesta contradição primeiro atribuindo, neste caso apoiado pela grande imprensa, a culpa da crise ao vírus e deste ponto assume a narrativa paralela de dias melhores a partir da superação da pandemia a sua fraqueza, todavia, está em sua ideologia, ou seja, fica impedido de aumentar os gastos do Estado originando desta limitação a sua prática contrária a suspensão dos setores não essenciais recebendo, dos desesperados da classe média e setores da alta burguesia nacional, apoio público contribuindo para o aprofundamento da crise social.

17 – Em oposição ao fundamento bolsonarista surge parcela da burguesia liderada pelo sr. Dória Júnior ao mesmo tempo interessada em manter o torniquete econômico, as reformas, o entreguismo apresentando, todavia, o sonho de manutenção do atual quadro político prometendo, inclusive, o controle da ordem evitando uma eventual revolta da população contra o abandono. Este grupo do sr. Júnior representa uma caricatura dos democratas estadunidenses e sabemos o quanto será difícil, para os dois segmentos, manter a ordem diante do aprofundamento da crise econômica residindo neste fato a explicação da manutenção no poder de um grupo de fanáticos ignorantes prontos para manter a qualquer custo a sua posição.

18 – O bolsonarismo encontrou na figura do sr. Dória Júnior a sua versão “soft”, contudo o quadro econômico revela a necessidade de rompimento urgente com o modelo econômico entreguista, base do pensamento de ambos, inexistindo nestes tempos de isolamento outra saída a não ser a substituição do salve-se quem puder por uma prática econômica planejada e executada segundo os interesses dos trabalhadores.  




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Programa Escuta Educativa da Rádio Educare.47 do Instituto de Educação de Minas Gerais

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