* ESCOLAS MILITARIZADAS E
A VIOLÊNCIA DO HINO DA INDEPENDÊNCIA
* QUANDO PRESERVAR
VALORES ESCONDE O INTERESSE EM MANTER UMA ORDEM SOCIAL INJUSTA
* PATRIOTISMO
RITUALÍSTICO A VACINA DO SISTEMA CONTRA A TRANSFORMAÇÃO ECONÔMICA
Por Wladmir Coelho
“Brava gente brasileira!
Longe vá, temor servil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil”
1 - O refrão do Hino da
Independência revela a legitimidade do recurso a violência diante da ameaça a
soberania nacional e até podemos reduzi-lo ao espírito das elites locais em
1822, ou seja, a simples separação da antiga colônia da metrópole portuguesa.
2 – Liberdade, neste
caso, fica reduzida a emancipação política submetida esta, a condição de
manutenção das velhas elites coloniais no poder com consequente continuidade da
escravidão, concentração da propriedade rural como espécie de manutenção da
“ordem” e dos “valores” confundidos com fenômenos naturais ou mesmo
sobrenaturais dignos de um culto com rituais rígidos.
3 – A economia nacional,
desta forma, apresenta-se a caricaturada como soberana e desta decorrem as
representações das forças para sua defesa todas amparadas em “valores”
decorrentes da manutenção de uma ordem elitista.
4 – A superação desta
condição de atraso mobilizou, ao longo de nossa história, muita gente interessada
em entender a curiosa situação de um país que apesar do vasto território, das
potencialidades minerais e destas a condição de industrialização e rompimento
com o modelo de base colonial com população em condições miseráveis.
5 – O termo soberania, a
partir deste momento, passa ser difundido em condições opostas a simples
liberdade do senhor de terras agroexportador manter os seus ganhos as custas do
atraso nacional.
6 – Valores
transformam-se, surgem novos, contudo esta mudança decorre da transformação
necessária de uma forma econômica de exploração e negação de direitos para
aquela desejada pelo povo assumindo o termo soberania não a submissão aos
interesses do poder econômico e consequente culto aos valores próprios de um
modelo de exploração.
7 – Voltando ao refrão do
início do texto: o fato violência, neste caso, continua presente desta vez,
devemos observar, voltado a condição de defesa de um poder verdadeiramente
popular resistente a qualquer ataque de eventuais forças contrárias ao projeto
de superação da miséria decorrente da herança e prática colonial.
8 – Observe: a violência
em defesa da soberania do povo não colocou fim ao país, a pátria, a família, a
religião, contudo os “valores” pautados no poder total dos donos do dinheiro –
na prática os meios de repressão e educação para submissão - surgem como obsoletos transformando em
realidade a construção de uma sociedade verdadeiramente humana, livre,
criativa.
9 – “Ou ficar a pátria
livre, ou morrer pelo Brasil” pode simplesmente representar a manutenção de valores do atraso, do
retrocesso e deste a perseguição a qualquer pessoa contrária ao modelo
econômico de base colonial e temos em nossa história – não necessariamente nos
manuais escolares – muitos que morreram exatamente por entenderem ao modo do
povo este refrão.
10 – Para terminar
publico a transcrição do artigo 50 do Manual das Escolas-Cívico Militares: “Todas
as canções entoadas na escola devem despertar o entusiasmo pela escola, pelos
heróis nacionais e pela Pátria. Não são autorizadas canções que usem palavras depreciativas,
discriminatórias, que exaltem a violência ou que violem os valores éticos e morais
da sociedade. Por isso, as canções devem ser, previamente, submetidas ao
Diretor pelo Oficial de Gestão Educacional.”
11 – Afinal o Hino da
Independência será executado nas escolas militarizadas ou seu refrão violento –
incluindo a possibilidade de interpretação popular - pode representar o motivo
de sua proibição?
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