sábado, 30 de janeiro de 2021

LEMANN: “O DESCONFORTO DO BRASILEIRO GERA OPORTUNIDADE”


 

* PRESIDENTE DO BRADESCO É CONTRA AUXÍLIO EMERGENCIAL

* LEMANN: “O DESCONFORTO DO BRASILEIRO GERA OPORTUNIDADE”

* GREVE DOS CAMINHONEIROS

* IMPEACHMENT, OS MUITO RICOS AINDA NÃO QUEREM

Por Wladmir Coelho

1 – “A questão do auxílio emergencial é humanitária” esta frase não é parte de um pronunciamento do Papa e sim do presidente do Bradesco o sr. Luiz Trabuco publicada no jornal O Estado de São Paulo do dia 29 de janeiro. Estranho.  Os banqueiros, como sabemos, prezam o dinheiro, o lucro, o acumulo de capital e neste momento andam a reclamar do lucro de “apenas” R$ 53 bilhões em 2020 e buscam formas e meios de ampliar a taxa e foi por isso mesmo que o banqueiro em questão, após passar a língua em seus acentuados caninos,  completou sua piedosa frase reafirmando sua posição contrária a prorrogação do auxílio justificada na necessidade, segundo o sr. Trabuco, do governo “encontrar uma nova fonte de arrecadação.” O diabo corre da cruz os banqueiros dos impostos entendida a cobrança como forma de expropriação um sacrilégio contra a propriedade privada e por isso mesmo atacam toda forma de direito social e defendem a dita meritocracia um eufemismo para justificar o controle oligárquico das finanças.  

2 – A simples hipótese de cobrança de impostos assusta os banqueiros e grandes corporações formando estas um emaranhado de aquisições, fusões todos sócios dos fundos de investimentos administrados, em grande parte, pelos bancos e estes constituem um bilionário contingente de devedores apresentando o Bradesco do sr. Trabuco um calote de pelo menos R$ 7.9 bilhões. Por falar em fundos de investimentos e calotes o sr. Jorge Paulo Lemann saiu a declarar aos jornais: “o desconforto do brasileiro gera oportunidade.” Oportunidades não são poucas para os controladores dos fundos internacionais de investimentos todos lucrando como nunca enquanto o desemprego e a morte seguem sua marcha.

3 – O sr. Lemann além de fabricar cerveja controla parcela significativa da educação básica brasileira instituindo, através de parcerias, a forma “empresarial” de gestão pautada na ideologia do quanto menor melhor. Menores salários,  menor número de alunos,  menos professores e prédios escolares prática denominada de austeridade sempre seguida daquelas comparações ridículas do Estado com a mítica dona de casa, empresas privadas ou frases ao estilo: quer um carro novo? pare de jantar fora, uma conversa prá boi – Caracu – dormir existindo apenas para justificar os seguidos cortes orçamentários em benefício do “equilíbrio fiscal” um eufemismo para o pagamento em dia das dividas com os bancos.

4 – O sr. Lemann, residente na Suíça, eventualmente coloca seus muito ricos pezinhos em território brasileiro para verificar as condições do feudo e as vezes fala de casa mesmo revelando a sua condição de bom marido e pai zeloso: “eu tenho uma preocupação grande, com membros da minha família, por terem muito conforto e facilidades”, a paternal declaração emenda com aquela do desconforto e ainda a questão humanitária do sr. Trabuco – que nome! – ambos interessados em ampliar a taxa de lucros a partir da superexploração da mão de obra aqui no Brasil e controle imediato dos monopólios da energia elétrica, do petróleo, das águas tudo sem o mínimo de regulação – ao modo da mão invisível – apenas cobrando tarifas elevadas sem investir um centavo em infraestrutura construída desde os anos 30 varguistas. Os muito ricos detestam o monopólio estatal dos setores econômicos assim caracterizados, mas adoram cobrar preços de monopólios privados. Vejamos em termos práticos o significado de controle monopolístico privado:  

5 - Em 1953 o presidente Getúlio Vargas assinou a Lei 2004 estabelecendo o monopólio estatal do petróleo e criando a Petrobras para o seu cumprimento uma vitória dos diferentes segmentos da sociedade reunidos no movimento conhecido como “O PETRÓLEO É NOSSO” do qual participaram trabalhadores, estudantes, militares, comunistas, políticos liberais, empresários, nacionalistas enfim todos aqueles patriotas conscientes estes da condição estratégica da energia para o desenvolvimento econômico nacional em bases burguesas, capitalistas e principalmente do poder econômico decorrente da exploração petrolífera. Passados 68 anos da criação da Petrobras a empresa, sempre boicotada por interesses internacionais, foi desmantelada e hoje é oferecida em partes à iniciativa privada impedindo a criação de uma política econômica, inclusive, para o transporte de mercadorias.

6 – Exemplo prático: O sr. Jair Bolsonaro, diante da ameaça de greve dos caminhoneiros, correu à sede do Ministério da Economia – o normal seria o chefe convocar o subordinado ocorrendo o inverso no Brasil, qual a razão? – em busca de algum agrado à categoria e saiu de lá do jeito que entrou e ainda recebeu uma aulinha de neoliberalismo com aqueles chavões de costume: “o mercado regula os preços”, “o governo não tem como intervir na economia” ocultando o principal: o controle do monopólio petrolífero do Brasil passou do Estado à iniciativa privada interessada esta nos índices da bolsa e por isso mesmo aumentando constantemente o gás de cozinha, os combustíveis para garantir o lucro em Wall Street reduzindo, é verdade, a lucratividade dos grandes empresários de transporte, mas estes ganhando muito com suas ações nos fundos de investimentos.

7 – Ficam de fora desta farra dos bilhões os motoristas e auxiliares ameaçados pelo desemprego, na forma de demissão ou inexistência de fretes para os autônomos, integrando o grupo dos superexplorados alimentados com discursos diversionistas na forma de louvação ao laissez faire uma entidade sagrada a sofrer, conforme a narrativa oficial, ataques dos defensores do dito isolamento social.

8 – O mundo de faz de conta neoliberal garante o lucro dos muito ricos, justifica o sofrimento do trabalhador, mantém no poder os demagogos a partir da construção de inimigos imaginários alimentando a autodestruição, inclusive física, daqueles sem recursos financeiros para comprar o oxigênio ou vacina  negando o acesso aos recursos resultantes do trabalho, uma atividade social, para permitir a concentração dos resultados dos esforços comuns nas burras dos muito ricos.  

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Programa Escuta Educativa da Rádio Educare.47 do Instituto de Educação de Minas Gerais

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