segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

EMPRESÁRIO DE CLASSE MÉDIA AINDA NÃO ACORDOU DA OVERDOSE DE CLOROQUINA


 

* LIBERDADE DE MERCADO É ISSO: FORD DÁ BYE, BYE BRAZIL 

* EMPRESÁRIO DE CLASSE MÉDIA AINDA NÃO ACORDOU DA OVERDOSE DE CLOROQUINA

* TRABALHADOR VAI A MANIFESTAÇÃO DE PATRÃO POR VONTADE PRÓPRIA?

* KALIL, UM PREFEITO BURGUÊS AMARRADO PELA IDEOLOGIA DE SUA CLASSE

Por Wladmir Coelho

1 – A multinacional Ford, lá do alto da cadeia produtiva, depois de remeter, ao longo de décadas, lucros fantásticos à matriz estadunidense graças as facilidades oferecidas pelo governo brasileiro incluindo a formação dos trabalhadores, renuncia fiscal, manutenção dos salários baixos em relação ao mercado estadunidense; os comerciantes instalados nos shoppings espalhados pelo Brasil reclamam do aumento das taxas e entopem a justiça com processos denunciando contratos abusivos e mesmo assim os despejos continuam. A culpa fica nas costas da pandemia, mas sabemos todos da limitação desta acusação existindo a necessidade de entendermos o quadro de forma abrangente.

2 – Ao lado da crise econômica temos a crise sanitária acelerando aquela isso em meio ao discurso ideológico vendido pelos ricos, copiado pela classe média e imposto ao povo este sem emprego, igualmente despejado, sem vacina vai procurando sobreviver em meio ao vendaval de desinformação construído para confundir e legitimar a inação oficial. Vejamos os últimos acontecimentos:    

3 – Postagem do jornal O Tempo informa:  empresários, comerciantes e funcionários de lojas de Belo Horizonte se reúnem em frente à sede da prefeitura, na avenida Afonso Pena, no centro da capital, para protestar contra o decreto de fechamento das atividades não essenciais na cidade, na manhã desta segunda-feira (11).” O material jornalístico apresenta ainda um vídeo e neste um homem explica, de forma chula, o motivo de negar-se ao uso da máscara, as fotos revelam pessoas com bandeiras do Brasil, camisas da seleção, nariz de palhaço e outros balangandãs típicos das manifestações da classe média colonizada de nosso auriverde torrão.

4 – Na mesma edição de O Tempo, desta vez focando a  cidade de Betim governada pelo dono do jornal, temos a seguinte informação: “no centro de Betim, apenas uma agência do Itaú/ Unibanco estava atendendo ao público nesta segunda (11); banco afirmou que locais foram fechados temporariamente por causa de casos suspeitos de Covid-19”. Este fato, fechamento de agência em função da contaminação de seus trabalhadores, não é exclusividade de Betim aqui mesmo no meu bairro em Belo Horizonte uma agência do mesmo banco fechou “temporariamente” por motivo idêntico fato possivelmente verificado em outras localidades.  

5 – O material de O Tempo a respeito da manifestação contra o decreto de fechamento das atividades não essenciais em Belo Horizonte mostra a disposição dos “empresários” em apelar para a desobediência civil e o que seria isso na visão da classe média empresarial auriverde? A resposta é muito simples; expor os trabalhadores aos riscos neste momento de evidente crescimento da contaminação igualzinho os banqueiros estão a fazer com seus trabalhadores. Estes empresários da porta da prefeitura imaginam pertencer ao mesmo mundo daqueles ricaços do Itaú, Bradesco, Santander.

6 – O PROBLEMA ESTÁ NA ESCALA – os empresários da academia, da loja de R$ 1,99, da revenda de roupas, da franquia, da padaria da porta da prefeitura não conseguem entender que a sua SUV é o jatinho particular do banqueiro, que sua lancha é o iate do trilionário, que sua varanda gourmet é o castelo europeu do controlador do fundo de investimento. O aspecto comum desta história está na exploração do trabalhador, é verdade, ricaços e classe média desprezam o trabalho esta imitando aquela sonhando em ser tratado por nhonhô e não foi por outro motivo que pressionaram, conforme relatos presentes no material de O Tempo, a presença dos trabalhadores preocupados estes com a possibilidade de contaminação naquela aglomeração.

7 – Este quadro oferece ao trabalhador uma clara percepção e entendimento das relações de trabalho no Brasil herdeira das terríveis tradições do pelourinho, da senzala revelando diariamente que sua vida não tem valor diante do capital, do lucro e percebe, pela experiência, a semelhança das formas de exploração dos bancários, dos comerciários, do industriário, daqueles trabalhadores de aplicativo.

8 - Aos manifestantes de classe média resta a ignorância das causas da própria tragédia agarrados a boia da ideologia neoliberal, colonial tratam de aplicar a receita escravocrata de intensificação da exploração, a superexploração do trabalhador. Esta classe média, atolada até o pescoço em dívidas com os bancos, encontra-se dopada, alucinada pelo discurso moralista ignorando a economia e desta ignorância a necessidade de intervenção imediata, de redistribuição dos recursos em poder dos bancos e fundos de investimentos incapazes de gerar um emprego, mas em condições de multiplicar os lucros dos trilionários. Defendem o capitalismo como se capitalistas fossem, condenam o controle dos lucros acreditando possuidores dos mesmos diretos, aplicam a receita dos ricos com medo de tornarem-se miseráveis, sem varanda gourmet, desprovidos da SUV e outras ostentações infantilizadas de fundo colonial incluindo o deslumbramento pela Disneylândia.   

7 – Os manifestantes de classe média, ignorando a sua condição social, aglomeraram-se na porta da prefeitura de Belo Horizonte carregando proprietárias de salão aqui do bairro, acreditando estas possuírem os mesmos interesses do banqueiro, obrigam a presença de seus funcionários com ameaças de demissão. Ficaram na Afonso Pena durante um tempo usando um trio elétrico, fizeram discursos dos mais variados tipos, xingaram o prefeito burguês igualmente preso as mesmas questões ideológicas da classe média, a saber, a aceitação acrítica da situação econômica incapaz de organizar uma campanha em defesa do financiamento – com perdão da dívida -  das folhas de pagamento dos pequenos comerciantes, empréstimos para pagamento de aluguel das lojas, suspensão dos despejos,  apoio para alimentação e auxílio emergencial para os trabalhadores e ampliação do seguro desemprego isso, meus amigos, não tem nada de esquerdismo, populismo e foi realizado nos Estados Unidos e vejamos as causas desta diferença de tratamento.

8 - Os banqueiros daqui subordinam-se aos de lá, a organização da economia brasileira segue as necessidades e ordens do Tio Sam, ou seja, para sobrar ou manter os gastos na matriz é preciso manter e ampliar a exploração no Brasil e demais economias subordinadas, integradas. Assim quando o Trump – a mesma receita vai repetir o Biden -  destina trilhões de dólares para salvar os bancos e corporações o faz acreditando no arrocho do trabalhador brasileiro representado nos meios de comunicação através da exaltação ao governante privatizador com coragem suficiente de cortar recursos da saúde, educação, serviço social levantando, deste modo, dinheiro para remeter aos ricaços de Nova Iorque pouco importando a quebradeira geral do empresário de classe média e como verificamos, a respeito deste sujeito, este pouco ou nenhum conhecimento possui desta realidade preferindo a overdose de cloroquina.


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Programa Escuta Educativa da Rádio Educare.47 do Instituto de Educação de Minas Gerais

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