*
5 DE JULHO DE 1962; A GREVE GERAL QUE CONQUISTOU O 13º SALÁRIO
*
MOURÃO; HERDEIRO DOS CORONÉIS REACIONÁRIOS DE 1954
*
O CAPITÃO BOLSONARO TEM UM ENCOSTO; O MARECHAL DUTRA
Por
Wladmir Coelho
1 - O sr. Bolsonaro e seu
vice, um general carreirista, não esconderam durante a campanha eleitoral o seu
desprezo pelos trabalhadores anunciando, sem o menor pudor, o objetivo de concluir
o processo de eliminação dos direitos trabalhistas e previdenciários
representados hoje na caricatura denominada CARTEIRA VERDE E AMARELA.
2 – Ao longo da campanha
eleitoral o general entreguista e candidato a vice deitou falatório em
auditórios repletos de empresários “nacionais” atacando, preferencialmente, o
13º salário um privilégio, segundo o militar antinacionalista, recebendo este
aplausos e vivas dos ricos e apoio frenético da classe média acreditando seus
membros na conversa fiada dos investimentos internacionais que inundariam o
Brasil sobrando assim alguma coisinha para o dono da padaria, das butiques,
franquias de chocolate e outros segmentos ávidos pela antiga e colonizada
pretensão de morar numa mansão de papelão e gesso em Miami, passear na Disney
ou simplesmente colocar em dia a prestação do carrão de cabine dupla.
3 – A promessa de
investimento externo não foi cumprida, mas o trabalhador perdeu os seus
direitos, os salários encontram-se reduzidos, o desemprego alcança mais da metade
da população em idade produtiva, os serviços públicos seguem em acelerado
desmonte para entrega ao setor privado e sabemos, no caso da água, até a
empresa estadunidense escolhida como principal beneficiada.
4 – Voltemos ao general
antinacional e sua implicância com o 13º salário justificada esta em sua
condição de conservador e entender o que afinal esta gente quer conservar.
Primeiro a data: a aprovação da lei do 13º salário e sua posterior assinatura
pelo presidente João Goulart decorre de uma greve geral iniciada no dia 5 de
julho de 1962. Os trabalhadores também exigiam neste movimento a aprovação de
um gabinete nacionalista. Como sabemos os reacionários impediam, graças ao
sistema parlamentarista em vigor, a aprovação das políticas econômicas
necessárias à superação do modelo de base colonial.
5 – Estes mesmos
reacionários, inclusive sua parcela militar, jamais concordaram com as
conquistas dos trabalhadores reivindicando, os generais antinacionais, a sua
condição de tutores do povo brasileiro entendida esta tutela como forma de
garantir o predomínio dos interesses do imperialismo estadunidense, a saber,
salário baixo para no máximo garantir mão de obra barata voltada ao trabalho em
empresas ianques aqui instaladas. A tutela foi construída a partir da
doutrinação da CIA, os bancos da Escola Superior de Guerra, dos acordos
militares sempre em nome do combate ao perigo comunista e muito verde-amarelíssimo.
6 – Quanto ao presidente
João Goulart os entreguistas apresentavam uma resistência datada de 1954 quando
este político gaúcho, a convite do presidente Getúlio Vargas, ocupou o
Ministério do Trabalho e cumprindo uma promessa eleitoral de Vargas concordou
com o aumento de 100% do salário mínimo congelado desde 1945 por obra e graça
do Marechal Dutra e sua política de arrocho salarial e perseguição aos
trabalhadores sempre em nome da liberdade e combate ao perigo comunista uma
assombração criada, como sabemos, a partir do terrorismo estatal estadunidense.
Goulart foi alvo, em função do citado aumento, do chamado manifesto dos
coronéis reclamando estes oficiais, inclusive, da situação “absurda” a ser
criada quando um comerciário carioca passaria receber salário superior ao do
sargento. Qualquer pessoa hoje com o mínimo de inteligência perguntaria: no
lugar de barrar o aumento do salário mínimo estes senhores não deveriam propor
melhores soldos aos sargentos? A resposta é simples; os sargentos pertencem a
mesma classe social dos comerciários encontrando, desta forma, o mesmo desprezo
de seus superiores. Sorry periferia.
7 – Esta comparação ou
indexação dos salários dos civis aos soldos dos militares serviu como espécie
de teto para os funcionários públicos limitados aos ganhos de um general de
brigada. Bem, isso antes do golpe militar de 1964 quando a média foi rebaixada
para o salário de 3º sargento.
8 – Como percebemos o
general Mourão representa uma tradição dos setores antinacionais do Exército
existindo, devemos recordar, militares com pensamento mais avançados.
Infelizmente, após do golpe de 1964, estes foram afastados dos quartéis
possibilitando a ascensão e o nível verificado em nossos dias incluindo um
antigo oficial reformado a partir de um acordo político quando merecia no
mínimo a expulsão.
9 – Naquele mesmo 1962 no
mês de setembro outra greve geral arrancou dos deputados e senadores a antecipação
do plebiscito que derrotou o parlamentarismo iniciando este processo o
desenvolvimento e apresentação das chamadas Reformas de Base defendidas pelo
presidente João Goulart criando esta uma aliança progressista, anti-imperialista,
reunindo trabalhadores civis e militares do campo e da cidade.
10- A posição dos srs.
Bolsonaro e Mourão contra o 13º salário e outras conquistas trabalhistas agrega
o desprezo das elites nacionais contra qualquer forma de trabalho a não ser
aquela fundamentada no escravismo base de sustentação de um modelo econômico de
base colonial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário