terça-feira, 12 de maio de 2020

PRECARIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO E CRISE ECONÔMICA




* PRECARIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO E CRISE ECONÔMICA

* AFINAL O QUE É AUMENTAR O GASTO PÚBLICO PARA SUPERAR A CRISE?

* A DIFERENÇA ENTRE MIRIAM LEITÃO E ROOSEVELT

Por Wladmir Coelho

1 – A partir de 1929, marco do início da “grande depressão”, os governos dos Estados Unidos em seus diferentes níveis trataram de criar meios para proteger a economia, eufemismo para salvar o capitalista,  colocando em prática o salve-se quem puder liberal e suas medidas de auxílio aos muito ricos amparadas na redução dos gastos públicos recorrendo, inclusive, ao fechamento de escolas e demissão de professores quadro somente alterado a partir de 1933 com a eleição de Franklin Delano Roosevelt.

2 – Este texto não pretende discutir em detalhes as práticas econômicas de mr. Roosevelt caracterizadas, em termos gerais, pela intervenção estatal no domínio econômico a ponto de garantir o financiamento do setor produtivo exigindo em troca alguns limites na liberdade da gestão privada controlando o governo a fabricação dos produtos de maior necessidade, a quantidade destes, os salários acrescido do investimento em obras públicas.

3 - O capitalismo, como sabia muito bem mr. Roosevelt, não vai sobreviver controlado precisando expandir para garantir a sua reprodução e não foi sem razão o apoio dos capitalistas estadunidenses ao projeto de poder de Adolf Hitler e sua pratica de dominação de novos territórios garantindo, através desta política econômica da morte, a exportação de caminhões da Ford, petróleo da Standard Oil à Alemanha nazista, neste último caso, mesmo após a declaração de guerra recorrendo o truste estadunidense ao contrabando de petróleo mexicano, venezuelano para atender ao fuher.  

4 – Mr. Roosevelt governava um país imperialista possuindo seus capitalistas interesses além fronteira necessitando estes dos diplomatas com seus subornos acompanhados de acordos comerciais somados aos canhões dos generais para a proteção dos investimentos pátrios, destruição da concorrência e submissão dos povos explorados sem falar no sistema bancário de alcance internacional garantindo o fluxo dos lucros destinados ao império. A morte associada a destruição, como vamos observando, constitui a outra banda das políticas de salvação do capitalismo possibilitando, desta forma, um entendimento básico do discurso dos atuais ocupantes do poder na matriz e aqui na filial.

5 – Realizadas estas observações retorno neste ponto ao fato política econômica interna de mr. Roosevelt destacando a famosa ampliação dos gastos estatais hoje defendidos a pleno pulmão em artigos de antigos defensores da rigidez fiscal nas páginas de O Globo, Folha de São Paulo, Estadão e outros órgãos merecendo, inclusive, ações efetivas do sr. Guedes destinando este bondoso intervencionista alguns trilhões do dinheiro do povo aos bancos.

6 – Todos estes neointervencionistas recorrem ao exemplo histórico evocando os feitos de mr. Roosevelt ocultando, todavia, as ações relacionadas ao planejamento – veja não fiz referência a planificação – da produção resultando este em tabelamentos de preço e associação dos fabricantes e comerciantes em cartéis, sindicatos regulamentando estes os valores dos salários até a quantidade de produtos a sair das fábricas recebendo do Estado a garantia do consumo venha este na forma da compra uniformes para os militares, policias, serviço médico ou renovação das frotas destes mesmos setores sem falar nas obras públicas necessitando estas de tratores, caminhões e equipamentos sofisticados destinados, por exemplo, às hidrelétricas.

7 – A educação foi outro setor público integrado a política de geração de empregos de mr. Roosevelt através da construção de prédios escolares, reformas e contratação de professores existindo ainda uma política de ampliação do tempo de permanência nas escolas através do emprego de estudantes para atuar como monitores ou apoio nas atividades escolares. O processo de alfabetização de adultos também mereceu a atenção oficial através da implantação de cursos noturnos em escolas provisórias muitas transformadas em permanentes novamente ampliando o quadro de professores.

8 – Aqui podemos notar significativas diferenças entre o modelo de gasto público defendido pelos srs. Bolsonaro, Guedes, Bom Rapaz Maia, generais carreiristas, comentaristas econômicos assalariados dos grandes bancos e governadores oportunistas agora insistentes na busca da salvação do ano letivo através do discurso em defesa da aplicação das ditas aulas online – na realidade semipresenciais -  mesmo sabendo do reduzidíssimo alcance desta proposta.

9 – A referida insistência não constitui uma exclusividade do srs. Dória, Zema e outros tantos existindo uma associação destes ao discurso predominante entre seus pares dos Estados Unidos estes, devemos registrar, mais honestos ou explícitos ao apresentarem de forma objetiva a real intenção em reduzir os gastos da educação através do fechamento das escolas demissão de professores e ampliação do tempo em atividades online.

10 – Diante da crise econômica do final dos anos de 1920 os governadores, lá na matriz, também optaram pelo corte no orçamento da educação inclusive com o fechamento de redes inteiras como foi o caso da Geórgia outros, como Nova York, fecharam escolas rurais, dos bairros mais pobres e cortaram 30% do orçamento. Como observamos mr. Roosevelt, a partir de 1933, iniciou um processo inverso aumentando os gastos do Estado comprovando o fracasso dos defensores da fome em nome do rigor fiscal.

11 – Vejam neste ponto o quanto a conversa de ampliação dos gastos públicos pode ser entendida de diferentes formas incluindo o cinismo de nossos dias presente nos discursos em defesa da garantia do direito à educação utilizado como ferramenta para a destruição deste. Observe inicialmente alguns exemplos lá da matriz; o governador de Nova Iorque, Mr. Andrew Cuomo anunciou um profundo corte no orçamento da educação acompanhado este do discursinho do repensar o modelo de ensino chamando para esta inciativa mr. Bill Gates, mr. Bloomberg e outros tantos interessados no ensino online. Deste grupo mr. Cuomo simplesmente excluiu os professores.

12 – Enquanto Nova Iorque “convida” mr. Gates para pensar o distrito educacional de Avondale no Michigan resolveu radicalizar e terminar, em uma de suas escolas, com as atividades presenciais de forma definitiva demitindo professores introduzindo aulas online, sempre em nome da economia dos recursos públicos, servindo esta inciativa, de uma pequena escola pública, de sinal aos incrédulos.

13 – Com relação ao Brasil, vamos aqui recordar, merece especial atenção o modelo aprovado a partir da dita reforma do ensino médio permitindo esta a conversão de parcela considerável do tempo escolar em online enquanto aos professores projetos legislativos e mesmo a lei de responsabilidade fiscal segue garantindo a demissão de funcionários concursados, sempre em nome do equilíbrio fiscal e redução dos gastos, isso somado aos recorrentes cortes resultado da suspensão do vínculo constitucional.
14 – Outras fórmulas adotadas nos Estados Unidos surgem no Brasil através da fala de governadores, ministros e assalariados dos institutos dos bancos e fundações financiadas por fabricantes de bebidas alcoólicas sempre no sentido de criar vouchers, uma espécie de retorno ao tempo das bolsas dos deputados, acompanhado da ampliação do tempo online seguido de uma formação dita técnica de algumas poucas horas curiosamente em nome do aumento da produção sem a existência de uma política econômica voltada a criação de empregos, ou seja, cursos para o nada.

15 – A crise econômica detonada a partir da pandemia do COVID-19 começa a ser comparada com aquela verificada a partir do final dos anos 1920 apresentando esta como remédio inicial o socorro aos muito ricos utilizando para este fim os recursos do povo seguido, diante do fracasso da fórmula, da intervenção do Estado através da regulamentação da produção e aumento dos gastos públicos terminando na destruição, através da guerra, dos eventuais concorrentes e depois desta na associação do capital dos Estados Unidos ao alemão, inglês, francês criando, em termos gerais, a supremacia do império estadunidense.

16 – Em 1930 o Brasil seguiu o caminho de uma política econômica autônoma servindo esta de base para ampliação ou consolidação da soberania nacional tentativa massacrada a partir da postura antinacional dos grupos de importadores sempre associados aos generais entreguistas desde o final da guerra prazerosamente submetidos aos interesses dos Estados Unidos em nossa terra.

17 – O modelo do pós-guerra, assim podemos notar, vai passando por profundo desgaste com tentativas de salvação semelhantes aquelas adotadas antes de 1933 representando um grande prejuízo aos trabalhadores incluindo, no caso brasileiro, um retrocesso gigantesco na educação pública sempre em nome dos cortes no gasto público uma frase hipócrita para mascarar o saque do país em beneficio do capital estadunidense.    



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Programa Escuta Educativa da Rádio Educare.47 do Instituto de Educação de Minas Gerais

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