terça-feira, 31 de março de 2020

OS GENERAIS ENTREGUISTAS E CARREIRISTAS PRONTOS PARA DEFENDER O IMPERIALISMO






*BRIZOLA E O GOLPE MILITAR DE 1964

* A CARTA TESTAMENTO E A MOBILIZAÇÃO NACIONALISTA

* BOLSONARO E SEUS FILHOTES DA DITADURA

* OS GENERAIS ENTREGUISTAS E CARREIRISTAS PRONTOS PARA DEFENDER O IMPERIALISMO

Por Wladmir Coelho

1 – O golpe militar de 1964 foi financiado, planejado e executado a partir das determinações da Casa Branca, inicialmente ocupada pelo bilionário John Kennedy, assassinado antes da conclusão do projeto concluído pelo vice Lyndon B. Johnson ambos do Partido Democrata.

2 – O sucessor de mr. Johnson, mr. Richard Nixon, pertencia ao Partido Republicano e continuou apoiando a ditadura militar considerando, inclusive, o ditador General Emílio Garrastazu Médici o único “em condições de combater o comunismo soviético na América Latina” uma ladainha ainda repetida graças ao predomínio do irracionalismo base ideológica do discurso bolsonarista.

3 – O destaque que ofereço quanto a origem partidária dos presidentes dos Estados Unidos tem por objetivo chamar a atenção do interesse de Estado nos processos de intervenção – incluindo o golpe militar de 1964 – nos países da América Latina todos efetivados a partir da derrubada de governos nacionalistas entendidos estes como ameaça ao processo de controle econômico da região.

4 – Para analisar a intervenção do imperialismo estadunidense no Brasil a partir de 1964 necessitamos de um curto recuo no tempo e vamos até 1954, ano do suicídio do presidente Getúlio Vargas, reconhecendo este, através de sua Carta Testamento, a necessidade de rompimento com as forças imperialistas: “Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.”

5 – Em sua Carta Testamento Vargas, um conciliador com a burguesia, no momento de sua morte registrou a inutilidade de tal  prática política considerando a condição da burguesia nacional de submissão aos interesses imperialistas apontando, o documento, a necessidade de uma radicalização inclusive da classe trabalhadora como podemos observar ainda na Carta Testamento: “mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém.”

6 – O presidente Getúlio Vargas não escreveu, nos moldes academicamente aceitos, um manifesto a favor do socialismo e muito menos pregou diretamente a revolução deixando, todavia, um documento propondo o rompimento com o modelo econômico amparado na dominação imperialista, base da estrutura de poder nos Estados Unidos, assumindo os seus seguidores uma missão de base claramente revolucionária.

7 – Os sucessores na liderança do getulismo João Goulart e Leonel Brizola representam, com características distintas, a continuidade do processo de rompimento representando o segundo, em diferentes momentos, a radicalização através da mobilização popular e ações diretas contra os interesses econômicos estadunidenses no Brasil incluindo a nacionalização das multinacionais de eletricidade e telefonia quando governador do Rio Grande do Sul no final dos anos 50.

8 – A presidência de João Goulart, inclusive, somente foi possível graças a vitória de Leonel Brizola contra os militares golpistas em 1961 interessados em implantar naquele ano uma ditadura sempre com a velha desculpa da ameaça comunista entendida esta como qualquer ação de rompimento com o atraso econômico decorrente da dependência econômica.

9 – Leonel Brizola organizou uma corrente política nacionalista com forte presença popular incluindo a participação de setores militares, notadamente os sargentos do Exército, revelando a condição de classe de sua liderança ele mesmo um homem nascido filho de camponeses, estudante do que seria hoje a EJA, jardineiro da prefeitura de Porto Alegre graduando-se, posteriormente, em Engenharia Civil.

10 – O ódio das elites contra o povo – e Brizola foi durante toda sua trajetória o alvo predileto dos oligarcas colonizados – fundamenta-se exatamente na insegurança dos ricos diante de qualquer ameaça aos privilégios decorrentes da submissão ao imperialismo representando a crescente mobilização nacionalista, do final dos anos 50 e início dos 60, uma ameaça a continuidade do processo imperial recorrendo os seus beneficiários ao apelo direto à matriz envolvendo este desde a corrupção de generais, a compra de políticos carreiristas sempre apoiado pela cobertura alarmista dos grandes veículos de comunicação.

11 – O patriotismo ritualístico, o mesmo do bolsonarismo e seus generais carreiristas, a defesa da família e das tradições foram usados de forma hipócrita apresentando os golpistas fardados e civis planos para uma guerra civil através da Operação Brother Sam preparada pelo Departamento de Estado envolvendo desde a declaração de Minas Gerais, governada pelo banqueiro Magalhães Pinto, como nação beligerante anexando este o Estado do Espirito Santo para possibilitar o recebimento de armas, munição, combustíveis fornecidos diretamente pelos Estados Unidos com a intensão de dividir o território brasileiro através de uma guerra civil. Assim agiam os generais patriotas!

12 – Somente um completo alienado associa o golpe militar de 1964, um movimento das elites colonizadas desenvolvido a partir de Washington, ao patriotismo e defesa dos interesses nacionais caricatura efetivada graças a substituição da análise histórica de base cientifica pelo amontoado de irracionalidades e alucinações terraplanistas.

13 – O alienado, o tolo, não percebe o absurdo da transformação de um regime que perseguiu, torturou, matou em nome dos interesses imperialistas em salvação nacional e aqui recordo Leonel Brizola e sua incansável luta contra as “perdas internacionais” processo aprofundado durante a ditadura militar e atualmente ampliado através do processo de saque dos recursos nacionais e aprofundamento da exploração dos trabalhadores.

14 – Os generais carreiristas confortavelmente instalados no governo continuam guardando zelosamente os interesses do imperialismo e ao menor sinal de ameaça à ordem iniciam a conversa do perigo comunista sempre apoiados pelos mesmos donos dos meios de comunicação estes no papel de criar o pânico e desmobilizar.

15 – O golpe de 1964 foi a forma violenta de eliminar fisicamente os defensores da soberania, a independência do povo brasileiro a estes sim devemos prestar nossas homenagens através da continuidade da luta em favor da superação do nosso atraso.          


Programa Escuta Educativa da Rádio Educare.47 do Instituto de Educação de Minas Gerais

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